Esse post foi retirado da reportagem de capa da revista ValorInveste da edição de maio de 2008. Caso haja interesse em saber mais recomendo a compra da edição.
Resolvi continuar com este post pois acho que pode iluminar os mais aflitos, em muitos aspectos essa história contém cenários semelhantes à crise atual.
Filho de um bem sucedido empresário carioca que havia se mudado para a Bahia nos anos 50, Guilherme aplicou na bolsa o caixa da empresa da família. Seu objetivo não era formar uma poupança para a aposentadoria, mas fazer crescer o caixa da Bahema Equipamentos para financiar a compra das concorrentes.
Tudo começou em 1986, quando o plano cruzeiro quebrou e cedeu lugar para plano cruzado. Um dos efeitos dessa transição foi uma quebra de bancos, que da noite para o dia deixaram de contar com os ganhos fáceis da ciranda financeira. O preço das ações dos bancos começaram a refletir a desconfiança e o medo do mercado (opa! conheço esse filme... hehehe...).
Foi então que realizou o primeiro e o maior movimento no mercado acionário. Convencido de que não existe sociedade sem sistema bancário examinou ações dos grandes bancos brasileiros, porém a escolha não foi fácil. Implicava em assumir riscos que não eram visíveis na época e só seriam visíveis anos mais tarde, quando o o plano Real venceu a inflação. Elinimou Itaú e Bradesco que já eram muito grandes, sobraram as instituições de médio porte como o Econômico, o Nacional, o Bamerindus e o Unibanco. Optou pelo banco da família Moreira Salles, o Unibanco. Os três primeiros quebraram depois de 1995, mas o Unibanco cresceu, e cresceu muito.
Em 1986-87 sua carteira de ações custava nada mais nada menos que US$ 5 milhões, hoje mais de 20 anos depois sua carteira vale a bagatela de R$400 milhões. Só no ano passado recebeu mais de R$ 9 milhões em dividendos e suas ações representam 1,2% do capital do Unibanco.
Em 1988 o estado brasileiro quebrou devido à crise da dívida externa dos países em desenvolvimento. O volume de obras obras públicas despencou e criou a oportunidade de consolidação que a família Affonso Ferreira tanto esperava.
Há 5 anos a Bahema equipamentos foi vendida por um valor equivalente a 5% da carteira de ações. A carteira virou a Bahema Participações. Houveram exemplos de outras tacadas certeiras, como foi o caso da Manah, quando o governo cortou o subsídio aos fertilizantes. Teve também a Eternit que ingressou na carteira sob protestos contra o amianto e Metal Leve, justamente quando o então presidente Collor abriu o país às importações de auto peças. Entre os fracassos estão a Colde Frigor e a Madeirite.
As novas apostas da Bahema são a Ferasa, o Pão de Açúcar, a Cremer e a Coteminas. Ao ingressar no capital de uma empresa a primeira coisa que a Bahema faz é escrever uma lista dos desejos , com tudo que a empresa poderia fazer para melhorar o seu valor. "Quando tudo se cumpre e o preço se ajusta, é hora de sair", diz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário